Em defesa da alimentação como direito: CRN-11 marca presença em audiência pública na ALECE
Conselho reforça papel da Nutrição nas políticas públicas e a importância do nutricionista no SUS

O Conselho Regional de Nutrição da 11ª Região (CRN-11) participou, na quinta-feira, 15 de maio, da audiência pública realizada no Complexo das Comissões da Assembleia Legislativa do Ceará (ALECE), em Fortaleza. O evento foi promovido pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) e teve como tema “Debater a garantia dos profissionais de nutrição nas escolas”, abordando ainda o piso salarial da categoria e a melhoria da qualidade dos alimentos oferecidos nas escolas cearenses.
A audiência foi resultado de uma articulação entre o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), propositor da iniciativa, e profissionais da área organizados em entidades representativas, como o sindicato e o conselho profissional. O debate ampliou as reflexões sobre o papel do nutricionista nas políticas públicas, especialmente no contexto da alimentação escolar, e reforçou a importância da valorização profissional diante dos desafios alimentares e sociais enfrentados pela população mais vulnerável do estado.
Presença ativa do CRN-11 no debate
O CRN-11 esteve representado na audiência por sua diretora-secretária, Wilma Félix, que destacou, em sua fala, os impactos da crise nutricional no Brasil e o agravamento da situação de saúde pública, com o crescimento da obesidade. Wilma enfatizou que a atuação do nutricionista na infância é estratégica e essencial:
“O trabalho do nutricionista em escolas, creches e programas como o PNAE garante que milhões de crianças recebam alimentação balanceada, favorecendo seu desenvolvimento físico, emocional e cognitivo”.
Também compuseram a mesa de debate: Amilton Feitosa, conselheiro do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN); Kildere Canuto e Celso Lourenço, respectivamente presidente e diretor financeiro do Sindicato dos Nutricionistas do Ceará (Sindnuce); Juliana Borges, representando a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa); Cláudia Vasconcelos, professora doutora da Universidade Estadual do Ceará (UECE); e, de forma remota, Fátima Furho, presidente da Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN).
Dados, diagnósticos e defesa da categoria
Durante a audiência, o conselheiro do CFN, Amilton Feitosa, apresentou um panorama da situação alimentar e nutricional no Brasil, abordando os impactos econômicos da má alimentação e reforçando o papel estratégico do nutricionista na prevenção de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
A professora Cláudia Vasconcelos trouxe dados sobre a evolução da obesidade no Ceará, evidenciando o crescimento alarmante do sobrepeso entre 2014 e 2024, inclusive na infância. Para ela, a obesidade não se relaciona apenas ao consumo de ultraprocessados, mas também a determinantes sociais como renda, trabalho e acesso à educação , o que reforça a necessidade da presença qualificada dos nutricionistas nas escolas públicas.
A representante da SESA, Juliana Borges, destacou que “Alimentação Saudável e Prevenção da Obesidade” é um dos 14 eixos do Programa Saúde na Escola, principal ação estadual voltada à promoção da saúde nas escolas.
Piso salarial: uma luta antiga e legítima
A valorização do trabalho dos nutricionistas foi um dos principais pontos debatidos. O deputado Renato Roseno criticou as condições precárias de trabalho enfrentadas por muitos profissionais, incluindo salários baixos, terceirizações e relações laborais fragilizadas.
“Há uma desvalorização que é contraditória à importância do nutricionista para a saúde pública e para o direito à alimentação saudável da população”, declarou o parlamentar.
A presidente da FNN, Fátima Furho, informou que a entidade está mobilizada nacionalmente, em conjunto com representações regionais, pela instituição de pisos salariais regionais. Já o presidente do Sindnuce, Kildere Canuto, reforçou que a luta por remuneração digna é antiga, urgente e legítima, devido ao grande impacto do trabalho do profissional e sua remuneração não ser compatível com as suas atribuições.
Engajamento coletivo
A audiência contou com a participação ativa de diversos profissionais da nutrição, que contribuíram com experiências e sugestões para o fortalecimento da categoria e a melhoria das políticas públicas de alimentação escolar. O CRN-11 reafirma seu compromisso com a promoção da saúde, o direito humano à alimentação adequada e a valorização do exercício profissional do nutricionista nos diferentes espaços da sociedade.
Assista a audiência pública na íntegra (clique aqui).
